sábado, 29 de setembro de 2007

"Fragmentos Étnico Arqueológico"

Piassa...
Isso pode ajudar-nos a precisar a significação do fenômeno infância como período necessário à " humanização " do indivíduo, à aprendizagem da natureza humana. " A criança não é criança porque é nova " é criança para tornar-se adulta, e essa aprendizagem é longa, tanto mais longa quanto mais complexo e evoluído é o nível adulto a atingir e não pode fazer senão por intermédio de um meio, adulto humano que esteja sempre mostrando à criança os comportamentos próprios de sua espécie .A criança é por excelência um animal educandum, um ser que reclama educação, porque sem a educação não pode se tornar adulto.Vale dizer que não há de superestimar a infância e sim a educação, que longe de ser esse " mal necessário ", como nos contentamos tantas vezes em concebê-la, "a infância é na realidade, a porta aberta para as mais inesperadas e maravilhosas realizações da natureza humana", da qual não suspeitamos, talvez a riqueza e as possibilidades .Mas se cada criança é assim aberta e indeterminada e dependente de sua situação educacional e histórica, então cada infância constitui, necessariamente, uma seqüencia única e original .E essa reserva deve efetivamente ser feita, tentar esboçar o desenvolvimento psíquico em geral é antes de tudo porque ele é tributário, em larga medida do desenvolvimento físico e em particular do desenvolvimento nervoso . Ora, este se faz segundo a progressão absolutamente geral na espécie, cada qual percorre as fases em ritmo próprio,mas segundo sucessão sempre igual, decorrente da inexorável necessidade de se expressar.Assim é o desenvolvimento da apreensão ou da marcha , particularmente bem estudado pelos especialistas.Parece se verificar sempre da mesma forma e seguindo a mesma sucessão, condicionada pela maturação da organização nervosa .A marcha, a apreensão, a palavra, a possibilidade de manejar um lápis ou um velocípede, ocorrem em momentos relativamente preciosos em igualdade de circunstâncias, nível de desenvolvimento neurológico e muscular e impõe as mesmas limitações, à crianças da mesma idade, ou lhe abre na mesma hora perspectivas de atividades análogas na gama das condutas de que cada uma dispõe, observa-se, de tal "arte", entre crianças da mesma idade os elementos de uma semelhança que autoriza certas generalizações .A realidade deste fator de crescimento intrínseco e bem demonstrada, por exemplo, pela esterilidade de qualquer adestramento prematuro .É baldado manter em pé uma criança de quatro meses, pois nem por isso andará, mas com o tempo isso ocorrerá através de execícios e experimentos, ela irá gatinhar experimentando o tato, logo ela estará em pé dando os seus primeiros passos e em seguida estará andando ou correndo livremente .Na arte também é assim, só que em graus diferentes, em lugar dos tombos comuns, quando se aprende a andar a criança tenta representar, através de grafismos, seu interior e exterior como se quisesse remodelá-lo à sua forma .Para melhor interpretá-lo sucessivamente vai galgando novos conhecimentos e logo estará tirando de sua própria "imaginação "os feitos que lhe são precisos para o feito "artístico".E como é crescente a necessidade de se manifestar artisticamente, tentando estabelecer uma identidade, com o meio em que se vive, uma marca um registro como se observa na evolução aonde o homem faziam seus registros em pinturas rupreste na tentativa de se marcar e se identificar, registrar sua passagem, também hoje se nota essa procura ancestral e até inconsciente onde se procura grifar suas marcas tribais em grafite e pichações tentando intervir no meio ambiente para se estabelecer como um individuo autônomo e independente, assim apresento está proposta de se passar para a criança e os jovem além da criatividade propriamente, a necessidade de estabelecer num todo o equilíbrio, despertando na mesma o censo motor, sensorial, espacial e intelectual .Como trabalharemos em grupos estaremos socializando e transcrevendo a afetividade de indivíduo para indivíduo, despertando-a para o trabalho, onde as idéias se farão junções . À tentativa de se estabelecer parâmetros e de ampliar o espaço estarão nitidamente expostos nos trabalhos por elas executados .Á possibilidade de se convidar as comunidade junto com suas crianças e jovem locais a intervir na criação dos Totens (Pergaminho Filosófico Cultural ) que marcarão os "PONTOS DE CULTURA" dando-lhe uma identidade única a cada comunidades visitadas pelo projeto "CULTURA VIVA " possibilitara essa retomada de criar e estabelecer novos parâmetros e de ampliar o espaço .Esse trabalho visa além das necessidades de ser um marco, um ponto, uma marca, que a arte pode proporcionar, levar a mesma através de experimentos, a desenvolver o traço e coordenar a gestualidade, dando oportunidade de concretização plástica, levando á reflexão e análise junto com o artista antes durante e depois da execução da obra .Parar para pensar, deixar sim a emoção tomar conta da criatividade, mas não ao ponto de permitir que está mesma emoção venha interferir no resultado final .criando um censo crítico e analítico que permitirá um controle maior sobre as técnicas empregadas . Faz parte também da proposta não trabalhar somente com materiais destinados para o feito artístico, permitindo uma apreciação e intervenção dos demais, com isso se pretende dar maior autonomia à criança na escolha do que fazer e de como fazer, independente da presença do professor do artista que lhe ensina .Isso permite dizer que a escola deve ser uma oficina e um laboratório um lugar de experiência e de reflexão e não um estúdio de gravação .Parece ser essa uma tarefa das mais difíceis de se pôr em prática nos ensino acadêmicos de estruturas pré-moldadas que não permite os experimentos e o direito de errar.Pensando nessa possibilidade, desenvolvi esses totens que não visa ter resultados plásticos convencionais .Pois é ciente que trabalharemos a partir de analogias individuais de cada comunidade contudo se espera que dentro do conjunto de obras o feito plásticos se estabeleça com harmonia tendo a arte como intrumento de encontro em missão de Paz. ________________________________________________
Piassa Artista Plástico Dir.Curador da Pinacoteca do C.C.L.A Centro de Ciencias letras e Arte fundado em 1901.Membro eleito do Conselho de Cultura de Campinas.Membro do Conselho Da Camara municipal de Campinas.Academico titular da cadeira 41 do I.H.G.G.C Instituto Histórico,Geográfico e Genealógico de Campinas,cadeira 41 patrono Rui Barbosa . Consultor das Nações Unidas e Ministério da Cultura onde atualmente desenvolve o Projeto Fragmento Étnico Arqueológico

"Sentidos Despertos"

Piassa...
O desafio para quem faz uma análise crítica e escreve sobre a própria obra é dar conta da emoção da criação e pulsação que agora se faz na escrita não mais no tátil, no escultural, nem no cromático das cores. É como se a obra fosse desarmada e levada a conquistar o silêncio da escrita.Escrever sobre cores que gritam, referindo-me ao colorido forte e diferenciado, mas feito de cores comuns mesmo, beirando algumas vezes a homogenização. Falar da cor que compõe estes Totens é quase uma ousadia, uma vontade desarmada de querer e desejar assumir o belo.É desarmada no sentido de que nada em minha obra é forçado ou artificial. É composta de muitas idéias que vão sendo agregadas vindo de pessoas diferentes com históricos dos mais opostos. Aí me pergunto e afirmo como é bom interagir com esses jovens. Como é possível dar um tons frio e imponência usando de cores tão fortes? Uma outra pergunta se apresenta diante dessas divagações, será que o belo ainda é uma denominação pertinente e desejado pela arte?A própria obra fala, se não fala é muda temo esta palavra por conta de uma certa inviolabilidade metafísica, o tempo e as múltiplas idealizações retiraram dela qualquer pregnância de sentido. Mas como deixá-la de lado? Cabe dizer, entretanto, que isto não aconteceu à toa,de fato um esteticismo vazio e uma cooptação frente às determinações do mercado levaram a esta situação complicada em que o belo perdeu espírito e o decorativo abriu mão de qualquer rigor estético.Para uns, o belo é impotente porque não se deixa apreender intelectualmente. Para outros ele é indesejável pois se deixa seduzir pelo brilho decorativo. É neste território minado em que a impotência conceitual e a insatisfação ética mostram-se de imediato, que quero tratar da beleza nas obras em questão. Diante das colagens, do grafismo, da textura e da pintura dos Totens nos vemos sempre em alerta, nossos sentidos ficam despertos, atentos e mobilizados. Deparamo-nos com uma forma cilíndrica e outras ainda em experimentos composta de garatuja e letras atiradas alienatoriamente mas precisas sinalizando mensagem. Uma mistura de intuição parece conduzir minhas ações plásticas. A intuição aí não funciona como algo espontâneo, que daria uma visão poética um caráter um tanto ingênuo. O que se apresenta é uma sabedoria quase física dos materiais, principalmente das cores, que funcionam por contrastes de textura e movimento. Uma obra executada com materiais comuns e pintada com intenção de obter relevos,e que apela ao nosso sentido tátil.Cores exaltadas e tímidas convivem sem se acomodarem e quando se entrelaçam uma a outra se faz de maneira a compor uma sequencia harmônica.O belo é o que produz essa diferença sensível com o que está a sua volta, a um entrelaçamento com o que é exterior além do circulo de garatuja que circunda o Totens. Essa autonomia dá no momento em que o homem artista assume sua maioridade política e espiritual.Também a de considerar a riqueza de descobertas que ocorre quando se da a possibilidade de concretização as comunidades a qual se permite o livre aceso, a participação e intervenção de criança, jovem e adultos dessas comunidades a pensar e acreditar ser possível interagir em seu meio, de forma a obter um resultado plástico, ainda que não convencional.Resultado esse que busca dentro dos confrontos das várias linguagens um registro que coincide com a experiência de um sujeito livre para sentir e julgar, capaz de se por frente ao mundo sem os constrangimentos de uma racionalidade instrumental que nos distingue, o certo do errado, o artístico do não-artístico esta relação entre a autonomia do juízo estético e sua vocação política, o sentido pleno da liberdade. O livre jogo das faculdades, à experiência estética, corresponde ao livre jogo entre os cidadãos anônimos do pós moderno.Há que se compreender o belo como um acontecimento singular que se apresenta aos sentidos, à percepção, e nos mobiliza a ver o mundo, senti-lo, de modo diferenciado. O belo nos retira de uma indiferença perante as coisas e nos faz desejá-lo sem ao mesmo querer consumi-lo e esta é a principal razão de meus atritos com a metafísica, é que a experiência do belo vai ser sempre um acontecimento singular, apoiado no sensível, que não se antecipa nem se define. Ele se apresenta e temos que estar atento. Ele é sempre diferente sendo sempre comum. É essa a diferença que se dá no meio do comum o Totens, que quer o comum, nas suas cores, materiais, formas, para retirá-lo do reino da indiferença.Muitas vezes os Totens se deixam contaminar por uma atmosfera repleta de informações, mas recusam o excesso sensorial. Há contenção sem sofrimento nenhum, a tonalidade afetiva que atravessa essa obra mistura curiosamente alegria e tédio. Mas é um tédio que não inspira abandono, apenas um chega pra lá. É como se cada Totem dissesse: pára, tá bom assim!Outro aspecto importante que começa a aparecer nesta obra refere-se à relação entre pintura, colagem, objeto, instalação e intervenção . Na verdade, creio que tudo leva a uma noção de ambiente, de criar um ambiente, uma atmosfera, onde a vida, a mais comum possível, possa ser vivida e experimentada graficamente.Seja na garatuja da base ou nas intervenções em relevo no corpo que o compõe, mais é no espaço real que percebemos essas conotações,são campos de energia cromática de formas que se propagam e nos convidam a uma leitura tátil. É um mundo de cores para ser sentido na pele. Vale dizer também que suas texturas,ao ser tocada e sentida de maneira tátil dialogam de perto com o cidadão comum que não está preocupado em questionar a origem nem a historia que levaram a sua execução ou ele gosta ou não gosta.A obra por si própria fala se não fala é muda.

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Piassa Artista Plástico autor do "Projeto Fragmentos Ètnico Arqueológico" e criador dos Totens "Pergaminho Filósofico Cultural" que indentifica os Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva

"AS COMUNIDADES LAVARAM A ALMA"

Piassa...
Tive a oportunidade de acompanhar e participar da grande mostra dos pontos de Cultura em São Paulo no Pavilhão da Bienal junto às comunidades de todo o Brasil. Todas as caras todos os gostos. Eles estavam ali para ver e serem vistos. Grupos de Maracatu em suas apresentações no grande pavilhão onde se ecoava os sons, hora misturado a outros ritmos e vozes do povo que ali estava conquistando os visitantes com suas gingas, cores e artes do Oiapoque ao Chuí. “Gente, o povo chegou!”.Houve em mim uma mistura de arrepio e lágrimas, pois nesse momento pude sentir orgulho de ser dessa raça latino-americana brasileira. Gritei no meu íntimo e ouvi minha alma. Sou Brasileiro! Durante toda a mostra, as comunidades puderam se expressar e se orgulhar de ter esse “jeitinho brasileiro” de fazer arte, mas a arte brasileira já estava pronta, era só dar a oportunidade a essas comunidades de se expressarem, coisas essas, que nos foram negadas ou renegadas sempre lançadas ao segundo planocomo arte menor e nos encheram de ”ismos” que agora rompemos, quebramos as mordaças, o luto cultural e nos lançamos revigorados com a vida do Cultura Viva - Projeto este, que testemunhamos, não só como brasileiro, mas como artista participante neste revigoramento social e cultural que passa o Brasil que as mídias se negam a divulgar por puro comodismo de ter que mudar as pautas e conceber louros ao invés de espinhos. Não somos como antes, não nos calamos frente às diferenças sociais. Temos em mãos, ponto de convergência e articulações culturais.Não nos negaram como antes faziam, pelo contrário, nos municiaram com o saber e hoje temos a atitude e a coragem de levantar a cabeça e dizer: “Sou um artista popular, toco alfaia, bato pandeiro, danço roda de coco e conquistamos a "TEIA". Estamos no Pavilhão da Bienal - ícone das grandes mostras que mudaram comportamentos e conceitos. Aqui vibra e gera um novo tempo. A hora não passa e a cada momento mais e mais comunidades vão se achegando, ocupando espaços. Da chegada ao aeroporto de Congonhas, à rodoviária, vem tribos de índios, povos de todos os lugares.Gente que nunca esteve em São Paulo pode sentir de perto a grande metrópole depois de tanto abandono, de tanta fome que abalaram as comunidades àquela cidade chamada São Paulo.Lá estava se rendendo a Cultura popular e isso constituía para mim motivo de muita alegria, pois eu estava ali, eu vivi a TEIA, o povo chegou. E logo de entrada, um grande Totem saudava os visitantes.Era o Arrimo Tensor, o Pergaminho documental do novo tratado - um rolar das novas propostas para um desenrolar das conquistas.Refleti, tudo vai dar certo.Todos aqui vieram numa missão cultural e, portanto, numa missão de paz. Os grupos Indígenas Kariri-Xokó e Yawalapiti com suas danças e ritos tribais em torno do TOTEM o consagravam. A Cultura ao marco ao símbolo dos Pontos. O brindar do secretário de Programas e projetos culturais Célio Turino a aplaudir cantar e dançar do Ministro Gilberto Gil, a igualdade posta na prática e não no discurso.Nada foi impedido e o povo tomou champanhe e saldou: saúde a cultura! É essa diferença que premia e engrandece o cidadão que pode e tem o direito de sair do anonimato elevando-os a expoentes ativos, participativos e críticos da sociedade a qual os inserem, despertando-os à cidadania e a conquista dos seus sonhos ainda que seja um ponto.É nesse sentido que é preciso pensar a arte do ponto de vista da ação política e da cidadania como afirmação do humano, como liberdade e como expressão individual da subjetividade. Isso significa, entretanto, não pensá-la apenas como meio, como instrumento, mas como campo semântico e como possibilidade de significação. Para isso é necessário que o gesto artístico expresse, ao mesmo tempo, o conhecimento da técnica, a liberdade criativa e a transgressão que dá ao gesto artístico, suas capacidades simbólicas. A grande mostra de Cultura popular e arte brasileira "TEIA", que foi apresentada no Pavilhão da Bienal, alcançou o maior sucesso na cidade de São Paulo, sendo considerada por muitos, a exposição do ano de Cultura Popular.O Pavilhão da Bienal foi especialmente preparado para receber a exposição e as comunidades, com as divisórias de pinus aquareladas com as cores das bandeiras de cada estado participante multi coloriu e conquistou o espaço de modo a destacá-los.Os grupos indígenas, folclóricos e afro-brasileiro, com seus tambores, sinos, pandeiros e violas pareciam encantados advertindo que o que se conquistava era o direito há muito reprimido às comunidades de mostrar a que veio e transmitir, não só o grito de obrigado por estar por muito sufocado e sim, documentar que esta arte brasileira e popular que nos revela cara e o jeito desse povo autêntico que sai das comunidades e nos toca, resgatando a nossa essência.Muito obrigado a todas as comunidades que acreditaram e engajaram nesse mega evento e brindaram seus feitos. Obrigado ao Trabalhador e estadista LULA nosso Presidente que está fazendo o resgate da cidadania e auto estima dos oprimidos a esse Ministério da Cultura que ousou acreditar ser possível transpor as fronteiras, atravessar os guetos e reunir o povo num evento para mostrar a cara desse jeitinho bem Brasileiro.

PIASSA ...